terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Corno


Por onde o corno passava, todo mundo comentava baixinho: 
"Lá vai o chifrudo!". 
Mas não baixo o suficiente que o corno não pudesse ouvir. Por vezes não era preciso nem ouvir, bastava olhar pras pessoas e ver o escárnio estampado na fisonomia delas. 
"Lá vai o corno!". "Lá vai o chifrudo!". "Abaixa pra passar pela porta senão quebra o chifre!".
E isso foi tomando conta de tal maneira da alma e do coração do corno que um dia ele não aguentou mais e se matou. 
No velório as pessoas comentavam: 
"Que absurdo, moço tão novo, inteligente e bonito fazer uma besteira dessas por causa de mulher...".


FIM

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Luvas



Cansado de adaptar piadas populares, resolvi fazer algo só meu dessa vez.
Meu novo curta-metragem será Luvas, e com esse vou até o fim!
Abaixo você assiste ao teaser (que, modéstia a parte, eu particularmente adorei!).
A história será mantida em sigilo até o dia da estréia, mas se você estiver interessado(a) em me ajudar na produção desse filme, preciso de fotos 3x4 femininas para usar em uma determinada cena. 
Obrigado!


sábado, 6 de novembro de 2010

"The Forever Please Remember"



*Baseado em fatos reais.


Quem gosta de escrever certamente já passou por momentos de bloqueio criativo durante os quais não  consegue "parir" nada que valha a pena. Não, não estou passando por uma fase dessas (embora ultimamente não esteja escrevendo com a frequência que gostaria), só comentei isso antes de ir para a história (de tão bizarro título, diga-se de passagem) propriamente dita porque as vezes ficamos tão preocupados em criar toda uma situação interessante para o "papel" a ponto de esquecermos que certas vezes testemunhamos (e mesmo protagonizamos) histórias tão ou mais esdrúxulas que a ficção. 
A história que segue é baseada em fatos reais. Pior que isso: Aconteceu de verdade! 
Não foi comigo, foi com um amigo cujo o nome (bem como o de todo(a)s os demais envolvidos) manterei no mais absoluto sigilo. 
Esse meu amigo casou-se bêbado (literalmente, eu estava entre os convidados da cerimônia onde serviram uma batatinha inglesa da qual não me esqueço até hoje) com uma menina muito legal (minha amigona também) e tiveram uma linda filinha. 
Viveram bem e felizes por algum tempo até que um dia resolveram se separar (na verdade foi ela quem quis). 
A notícia do rompimento de ambos me pegou de suspresa pois eu frequentava a casa deles e os tinha como um casal feliz e inseparável apesar das adversidades que existem na vida de todo mundo.
O caso foi que meu amigo acabou ficando meio chupeta da cabeça com a separação, embora nunca tinha sido exatamente um exemplo de sanidade. Vivia com histórias estranhas como a de que as pedras de uma cachoeira são moles pela manhã, que os espermatozóides sobrevivem por seis meses no estômago de uma mulher se ela engolir o sêmem após o sexo oral, que cachorrões pretos apreciam para ele na véspera de quando algum conhecido seu fosse morrer, que ele aprendeu japonês jogando PlayStation, entre outras... 
Depois de ser abandonado pela esposa suas histórias atingiram um patamar superior. Ele foi até um amigo meu querendo uma espingarda de pressão emprestada. Indagado sobre pra que precisaria da arma de chumbinho, respondeu que tencionava matar um Anú-preto. Além de meio zureta meu amigo agora tencionava se tornar um criminoso ambiental, logo ele que sempre me pareceu ser um defensor da natureza. Novamente questionado sobre seus intentos acabou revelando que precisava caçar um Anú para arrancar, torrar e ralar o bico do bicho. Segundo lhe disseram, se atirado sobre a cabeça da mulher o pó mágico resultante do processo a faria se (re)apaixonar pelo projeto de feiticeiro-macumbeiro (Nota do escritor: Perguntar para a fonte se a espingarda chegou a ser emprestada).
Com a falha da tentativa da Simpatia do Anú (se é que ele chegou a tentar), esse meu amigo resolveu mudar de tática. Já que meios sobrenaturais estavam fora de cogitação, ia tentar reconquistar sua amada de uma maneira menos garantida: Conversando! 
Uma vez que ela recusava-se a se encontrar com ela, a maneira encontrada foi telefonar. Só que ele não tinha telefone... Para sua sorte o vizinho (e meu amigo também) de muito bom coração emprestou seu telefone para que ele ligasse para o celular da ex e com ela falasse por horas. Horas! A conta do telefone, quando chegou, assustou muito mais do que os contos de terror e suspense que escrevo as vezes. E para piorar nada deles reatarem.
Um último esforço foi planejado então. 
Meu amigo de coração partido fez uma seleção de músicas românticas bem ao gosto da mulher que amava e queria de volta. Gravaria todas elas num CD (fazem alguns anos isso já, e gravar um CD naquela época não era algo tão acessível como hoje em dia) e a presentearia. "The Forever Please Remember" foi como ele batizou a seleção de músicas, mostrando que se era o Ás do japonês, do "ingrêis" passava longe!
Para gravar o disco foi pedir ajuda novamente para o cara que gentilmente lhe cedeu o telefone (e ainda estava remoendo o prejuízo). Como uma vingança maligna, ele topou de gravar o CD mas ao invés das músicas levadas tascou de "Vai Lacraia" pra baixo no disco, que foi entregue para o alvo no mesmo dia. 
Não preciso nem dizer que os dois jamais reataram... 
Mas viveram felizes para sempre, separados mesmo.


FIM

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A Fuga - Versão Filme Antigo

Bom, na falta do que fazer e na necessidade de ganhar prática na arte de editar vídeos, reeditei A Fuga em versão filme antigo:

As Aventuras de Àlan, Amaral & André.

Meu irmão e mais dois amigos resolveram sair por aí um belo dia e filmar umas situaçõezinhas engraçadas. Adivinhem pra quem sobrou editar o amontoado de cenas resultantes do processo? Confiram o resultado:

domingo, 24 de outubro de 2010

A Fuga

Após meses e mais meses parados, eis que finalmente sai um filminho novo! Enquanto isso, alguns dos velhos seguem pendentes... Mas tá aí:

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A Caverna



Era uma vez uma caverna mágica acessada através dos sonhos. 
A tal Caverna mágica dava a quem quer que conseguisse achar o caminho para para ela o que quer que fosse que a pessoa quisesse, com uma única e restrita condição: Tinha que ser algo de que a pessoa realmente precisasse. 
Podia-se ir lá quantas vezes se quisesse, mas era apenas um pedido por vez e o caminho estava sempre em constante mudança, o que dificultava bastante acha-la.
Certa vez, todos os "usuários" da Caverna receberam um aviso de que poderiam ir até lá pela última vez pois ela estava encerrando suas atividades.
Na sua última visita, muitas pessoas quiseram como um último desejo saber o motivo do fim da Caverna e descobriram que alguém tinha ido lá e pedido várias coisas das quais não precisava. A mania pegou de tal modo que o que deveria ser uma dádiva virou uma espécie de "Bolsa Família" sobrenatural. 
Os administradores da Caverna resolveram levar seu negócio para um plano mais elevado.


FIM


Este texto foi imaginado, escrito e publicado por mim originalmente aqui: http://migre.me/1FYgi
Agradeço se você puder apreciá-lo também no Recanto das Letras, uma vez que lá tenho a opção de contar as leituras! 
Obrigado!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A Pior História de Terror do Mundo Jamais Contada



... e então o casal gritou, foram as crianças que tinha sido assassinadas!
Todos ao redor da fogueira surpreenderam-se com o fim da história.
Eram três casais acampando perto de uma cachoreira. Uma churrasqueira improvisada com tijolos ia deixava a carne ao ponto e enquanto isso eles divertiam-se contando histórias de terror. Acabara de terminar a terceira da noite.
- Gente... eu tenho uma boa...
- Então conta - pediram algumas vozes em coro.
- Não é tão simples assim... é uma história muito feia mesmo... terrível. Não sei se é verdadeira ou não, algumas pessoas juram que aconteceu mesmo, outras dizem que é tudo invenção... só sei que eu quase me borrei quando ouvo.
- Então conta logo!
- Tem certeza que querem mesmo ouvir?
- Sim - dizem alguns, outros assentem com a cabeça.
- Mas eu já vou avisando que é muito feia mesmo... eu que não sou de me impressionar tive pesadelos depois de ouvir.
- Já tô ficando com medo - diz uma garota magra, apertando-se contra o namorado com quem já estava de braços dados.
- Sobre o que é?
- Ah, só conforme eu for contando que vocês vão descobrir... senão perde completamente a graça.
- É sobre vampiros?
- Não.
- Lobisomens?
- Não.
- Zumbis?
- Não.
- Assassinos, fantasmas, lendas urbanas, animais assassinos, serial-killers, palhaços, tortura?
- Nada disso... é sobre uma coisa que a princípio não tem nada de aterrorizante mas conforme as coisas vão se desenrolando fica assustadoramente insuportável.
- Conta logo então!
- Certo, eu conto. Mas com a condição de que todo mundo aqui concorde em ouvir. E aviso pela última vez: É uma história de terror MESMO, horrível... Eu tô com ela na cabeça até hoje. Querem mesmo?
Todo mundo faz que sim com a cabeça, menos uma loirinha. Ela diz:
- Larga a mão disso... Não quero saber!
Ela toma uma vaia, levanta contrariada e vai para sua barraca. Seu namorado vai logo atrás, depois de lançar um olhar recriminador para os outros.
Uma outra moça diz para o namorado:
- Precisava ter vaiado ela? A coitada magoou...
- Ah, quem mandou ser fresca?
- Então quer dizer que se fosse eu que ficasse com medo e não quisesse ouvir você não ia me apoiar? Tá bom, pode deixar - ela se levanta e vai para a outra barraca. Seu namorado, depois de um olhar abobalhado para o casal remanescente vai atrás dela.
- Viu o que você fez? - pergunta a última moça, namorada do cara que ia contar a história.
- Mas...
- Não tem nada de "Mas..." não! Sobrou pra nós dois vigiarmos a churrasqueira, acabou a noite! Seu sem graça...
E assim a pior história de terror do mundo acabou não sendo contada.


FIM


Este texto foi imaginado, escrito e publicado por mim originalmente aqui: http://recantodasletras.uol.com.br/contosdesuspense/2434949
Agradeço se você puder apreciá-lo também no Recanto das Letras, uma vez que lá tenho a opção de contabilizar as leituras! Obrigado!


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Tanto fez, tanto faz...



Todos os dias, perto do ponto onde eu pegava o ônibus para voltar para casa, ficava sentado um mendigo bem velhinho, de olhos claros, barba e cabelos brancos. Desde a primeira vez que o vi simpatizei com ele, e notei pelo seu olhar que o sentimento fora mútuo.
Foi num dia como outro qualquer que ele chegou até mim (eu sempre estava sozinho no ponto) e perguntou?
- Moço... você tem um real?
Eu sorri, apanhei uma moeda que tinha no bolso e entreguei para o ancião. Ele apanhou o dinheiro, agradeceu, baixou os olhos e perguntou:
- Moço... o Sr. é Deus?
- Não... - respondi meio abobado, até então nunca tinha notado sinais de que ele tinha alguns parafusos a menos.
- Ah... Seu ônibus chegou! - me disse ele então. Eu entrei e parti.
Desse dia em diante essa história passou a se repetir sem muitas variantes. 
Todos os dias ele vinha até mim, me pedia um real, eu dava ou não (passou a ser um hábito deixar o real dele separado quando eu tinha), ele me perguntava se eu era Deus, eu respondia que não, ele avisava que meu ônibus estava chegando e eu ia embora.
Foi dentro do ônibus num belo fim de tarde aquilo começou a me intrigar. "Na próxima eu pelo ele!", pensei comigo.
No dia seguinte, na mesma hora, no mesmo local, a história ia se repetindo. Ele veio até mim.
- Moço... você tem um real?
- Aqui está! - sorri e lhe entreguei a moeda.
- Moço... o Sr. é Deus?
- Sim!
- Ah... Seu ônibus chegou!
Eu entrei e parti.


FIM


Este texto foi imaginado, escrito e publicado por mim originalmente aqui: http://recantodasletras.uol.com.br/contoscotidianos/2426976
Agradeço se você puder apreciá-lo também no Recanto das Letras, uma vez que lá tenho a opção de contabilizar as leituras! Obrigado!


O Inferno Será Valorizado!


Por muitas noites seguidas Marcos vinha tendo o mesmo sonho. Ou melhor, pesadelo.
Uma figura sinistra entrava no seu quarto e vinha pela penumbra até sua cama, onde ele estava dormindo e o observava por algum tempo, até que ele acordava. O vulto então inclinava-se sobre ele, sussurrava algo em seu ouvido e o esfaqueava. 
Era sempre nesse momento, milésimos de segundos antes da faca onírica penetrar em sua carne que Marcos acordava sobressaltado, suando muito e gritando pela mãe.


Marcos estava deitado em sua cama, usando seu pijaminha do Corinthians. Dessa vez o pesadelo começava de uma maneira diferente. Ele pode ouvir os passos do que se aproximava, escutou a porta do seu quarto sendo aberta e sentiu o cheiro do ser que acabara de adentrar ao seu aposento infantil. Fedia a álcool, cigarro, suor azedo de vários dias sem banho urina velha e fezes. 
Ao contrário das outras vezes, a escuridão hoje não era tanta que ele não pudesse ver. O homem parado a sua frente devia ter por volta de uns quarenta anos de idade, barba por fazer, estatura mediana e um pouco acima do peso. 
Vestia uma surrada roupa amarela de palhaço com babados brancos nos punhos da camisa e barras das calças, um sapato marrom enorme com pompons vermelhos nas pontas. Pompons vermelhos na frente da camisa também, no lugar de botões. 
A maquiagem era toda borrada, rosto acinzentado, borrão vermelho na boca, nariz de palhaço onde haviam dois orifícios encardidos e enegrecidos, cabelos de raízes negras e vermelhos até o topo do fio. Os olhos eram muito verdes e brilhavam, mas não era o brilho de uma esmeralda e sim um reluzente ordinário de caco de vidro.
Marcos tentou gritar mas não pode. 
Numa noite comum era mais ou menos nesse ponto do sonho que ele acordava. Já era para o homem ter se inclinado e dito as palavras malditas ao pé de seu ouvido mas não, permanecia imóvel ao lado da cama do menino mesmo esse já tendo acordado e notado sua presença. 
Tentou gritar novamente mas o grito não saiu.
- Calma Marquinhos! - o repugnante tentava parecer simpático. - Hoje nós vamos fazer diferente! Hoje nós vamos até o fim! Ou quase...
Marcos se contorcia na cama. Gritar era impossível, mover-se também. Era como se ele estivesse dopado com alguma droga que lhe privava de qualquer movimento mas deixava todo o resto funcionando normalmente.
- Bom, vamos começar!
O palhaço descobriu Marcos e apanhou uma enorme tesoura de jardineiro toda enferrujada que estava debaixo da cama (era como se tudo fosse uma armadilha que já estava sendo planejada a dias). Com ela começou a cortar o pijama, começando pelo shorts. Primeiro uma perna, de cima a baixo, da barra a cintura, depois a outra da mesma forma. Marcos sentiu o metal marrom gelado passando sobre a pele quente de sua virilha e acabou urinando na cama. 
O palhaço riu desdenhoso: - Mulherzinha!
Terminando de cortar a camisetinha do pijama, ele enfiou a mão por baixo do corpo do menino, bem onde as duas peças de roupa se encontravam na parte de trás e as arrancou com um puxão. 
Totalmente nú e a mercê de um estranho sinistro, Marcos chorava. Seu choro entretanto não passava de lágrimas brilhantes que escorriam pela lateral de seu rosto até pingarem no colchão.
O homem passou a mão por todo seu pênis e testículos e a esfregou, úmida de urina, no rosto de Marcos.
- Isso é coisa que se faça, seu veadinho, mijar na cama? A puta da sua mãe já não gastou a maior grana do corno do seu pai te levando no psicólogo pra você parar com isso? Hein? Seu merdinha! Mijão!
Com muito esforço Marcos conseguiu abrir a boca, mas o grito não veio. Marcos teve então a sensação de algo quente entre as pernas e subindo pelas costas. Tinha defecado na cama e, a sua maneira, chorou mais ainda.
- Era só o que faltava... - disse o palhaço com um ar de desaprovação. - Agora você cagou também, seu filho da puta! Porco, você é um porco! Olha só quanta bosta!
Ao dizer isso o palhaço meteu a mão por entre as pernas de Marcos e apanhou um punhado de fezes.
- Olha aqui... olha aqui quanta bosta!
Dos pés da cama, o palhaço começou a arremessar as fezes contra Marcos. Sempre que a "munição" acabava ele aproximava-se, apanhava mais do mesmo lugar e voltava para os pés da cama. Cada arremesso era mais violento que o anterior e a atingia em sua maioria o peito e o rosto de Marcos. O cheiro dentro do quarto piorava a cada instante. Quando não tinha mais o que jogar, o palhaço sentou-se ao lado de Marcos.
- Nossa, isso cansa! E fede, não fede?
Marquinhos só conseguia chorar.
- Escuta aqui moleque - grita o palhaço -, eu te fiz uma pergunta: Isso aqui fede, não fede? - ele mostra a mão lambuzada para o menino, que segue apenas chorando.
- Seu inútil! - ele esfrega a mão no rosto de Marcos e o puxa pelos cabelos. - Ou você me responde ou eu arranco o seu pintinho com uma mordida! - diz, mostrando os dentes em estado miserável para o menino, que com muito esforço consegue assentir com a cabeça.
- Assim que eu gosto!
"Cleck"
O barulho pega Marcos de surpresa e ele sente uma fisgada numa das mãos. O palhaço mostra a tesourona ensanguentada, ri e em seguida ergue a mão direita de Marquinhos. 
- Não arranquei o pintinho mas cortei o mindinho, hahahahahahahahah...
Olhando para a mão ferida e em seguida para o rosto medonho do palhaço, que exibia seu dedo entre os dentes, Marcos finalmente consegue se levantar num sobressalto, sentando-se na cama.
O palhaço cospe o dedo fora, chega sua boca perto do ouvido de Marcos e sussura, depois de uma lambida quente e nojenta:
- O Inferno será valorizado!
Marcos grita.
O sonho acaba. Ele levanta todo suado e caminha até ao banheiro. Não é mais uma criança. Após lavar o rosto ele se observa atentamente no espelho e descobre que quem estava sob a maquiagem do palhaço era ele mesmo, o tempo todo.


FIM


Este texto foi imaginado, escrito e publicado por mim originalmente aqui: http://recantodasletras.uol.com.br/contosdeterror/2426862
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sábado, 31 de julho de 2010

Dona Izildinha


Rezava a lenda que Dona Izildinha passara já a algum tempo dos cem anos de idade. 
Solteirona convicta, sua existência limitava-se basicamente a acompanhar da fresta da janela que dava para a rua a vida de todos os vizinhos e reclamar deles para o leiteiro, o padeiro, o carteiro e qualquer outro que fosse por algum motivo ter com ela. 
Tinha todas aquelas famas comuns ao seu estereótipo: Bruxa, macumbeira, mal-comida na juventude (claro, nos dias atuais isso estava fora de questão, embora tenha louco pra tudo nesse mundo...) e daí por diante.
Muito estranharam os jovens da casa da frente que falavam alto na calçada, já tarde da noite, e ouviam o bom e velho rock'n roll quando Dona Izildinha saiu com uma bandeja cheia de copos descartáveis com o mais cheiroso chocolate quente que eles já tinham visto na vida. O normal, vindo dela, seria uma ligação para o 190.
Sorveram tudo, até a última gota. Delicioso, espumante, espesso e tendendo mais para o amargo que para o doce. Perfeito para aquela noite fria.
Dona Izildinha entrou de volta em sua residência, passou um pano na bandeja e da sua frestinha ainda pode ver alguns dos últimos jovens estrebuchando no chão, soltando sangue por todas as vias possíveis de seus organismos enquanto urinavam e defecavam nas roupas. 
A falação cessara, a única coisa que quebrava o silêncio da noite era o bom e velho rock'n roll.


FIM


Este texto foi imaginado, escrito e publicado por mim originalmente aqui: http://recantodasletras.uol.com.br/microcontos/2409443
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sexta-feira, 30 de julho de 2010

A Seita



O delegado examinava calmamente as unhas recém-feitas, lisas e brilhantes, quando um investigador cheio de gel no cabelo (ou seria cabelo no gel?) irrompeu sala adentro, sem bater na porta:
-DELEGADO!
Após dar um gritinho esganiçado e se recompor do susto abanando-se com uma G Magazine, ele pergunta:
- Sim?
- Delegado... acabamos de receber isso, é quente, quentíssimo! - diz o investigador e entrega para seu superior hierárquico um delicado papel cor-de-rosa escrito a glitter lilás.
Após alguns instantes lendo, o delegado solenemente pronuncia:
- Babado forte! Arrume a viatura e mais dois homens, vamos averiguar isso imediatamente! É hoje que acabamos com a seita!


Enquanto nossos bravos homens da lei partem em diligência, vamos lançar luz sobre o que seria a tal seita, A Seita β.
A vários meses A Seita β vem aterrorizando os moradores de toda a outrora pacata cidade.
Na calada da noite, todas as noites da semana, todas as semanas do mês, residências são silenciosamente invadidas e tem seus cestos de roupa-suja revirados e furtados.
Nas manhãs que se sucedem aos ataques, donas-de-casa e empregadas domésticas, ao pegar as roupas para lavar dão por falta de todas as roupas íntimas femininas que ali deveriam estar. As calcinhas usadas simplesmente desaparecem.
A princípio pensou-se se tratar do ato de algum pervertido solitário, mas após vários casos semelhantes serem relatados simultaneamente em diferentes e distantes pontos, chegou-se a conclusão de que aquilo não poderia ser obra de um único homem.
Uma acirrada investigação provou, através de monitoração de última tecnologia, que não estavam envolvidos os donos de lojas de roupas íntimas femininas (embora fossem eles os maiores beneficiados com o desaparecimento das calcinhas da cidade).
A delicada carta anônima deixada a pouco no 24° D.P. da cidade nada mais era do que uma denúncia anônima entregando o endereço da sede da Seita β. E era para lá que os policiais rumaram a toda velocidade.


O motorista da viatura pisava fundo.
De tempos em tempos dava uma espiada no retrovisor para ver se o vento não estava desmanchando seu penteado.
- Vai mais devagar! - pede um policial sentado no banco de trás.
- Meu bem, mais devagar que isso não dá!
- Quietas, já estamos chegando... desligue o giroflex e a sirene, vamos entrar a francesa!
O carro para silenciosamente na frente de uma casa em cujo portão havia uma placa de vende-se. O portão não estava fechado e eles entram vagarosamente, de armas em punho.
Conforme iam se aprofundando no interior da casa, um forte cheiro acebolado invadia suas narinas.
Ao abrirem a porta de um quarto, após constatarem que todo o resto da residência estava vazio, tiveram a certeza de que estavam realmente na sede da Seita β: Montes e mais montes de calcinhas usadas estavam espalhadas por todo o quarto, as paredes estavam todas recobertas por fotos de mulheres nuas em posições ginecológicas. Haviam pequenos altares nos quatro cantos, cada um com uma escultura em forma de vagina, cada qual de um material diferente (madeira, vidro, metal e mármore). No centro do aposento, uma coluna sustentava o poema A CRIAÇÃO DA XOXOTA, de Mário Quintana, devidamente emoldurado e iluminado pela chama de duas velas vermelhas em formato de seios fartos.
Enquanto o delegado olhava consternado para o aposento, um de seus homens lhe entregou um bilhete em papel ordinário, escrito com esferográfica azul:
"Vocês podem ter vencido a batalha, mas não venceram a guerra. Somos cada vez menos, mas sempre existiremos! Vão tomar nos seus cús, seus veados! Ass.: β".


FIM?

Este texto foi imaginado, escrito e publicado por mim originalmente aqui: http://recantodasletras.uol.com.br/contos/2407535
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terça-feira, 29 de junho de 2010

O Vulto

Pele pálida, magro, olhar penetrante, capa preta, luvas de couro e uma comprida, afiada e reluzente lâmina prateada. O vulto era praticamente uma caricatura ambulante de um assassino de filmes de terror antigos. Seria engraçado se não fosse real. Com movimentos mecânicos e gestos teatrais ele atravessa a rua olhando para os lados. Esgueira-se entre um nicho e outro até que chega a casa. Por algum motivo sabe que há uma cópia da chave do portão no vaso a direita da porta. Ele a apanha e entra, sedento de sangue...


Janaína dirige de volta para casa após deixar as crianças na casa da sogra. "Finalmente um fim-de-semana de folga", pensa ela. Era sexta-feira e ela só voltaria para apanhar os meninos no domingo a tarde.
Fazia tempo que ela e o marido não tinham um tempo só para os dois. Passou no supermercado e comprou tudo o que precisava para o jantar especial que tinha planejado. Pedro, seu marido, ainda estava no trabalho e não sabia que seus filhos passariam dois dias fora, na casa de sua mãe. 
Tudo fazia parte de um complô de sua mãe e sua esposa para dar um fôlego novo ao casamento, tirar os dois um pouco da rotina...
Ela já estava quase chegando em casa quando o celular tocou. Era Pedro.
- Querida, más notícias...
- O que foi meu bem? (Não, hoje não...).
- Meu colega ligou, não vai poder vir assumir o plantão da noite... Vou ter que ficar no hospital cobrindo ele...
- ... que pena... (Merda!).
- Pois é, eu não posso pisar na bola com ele... Lembra que no mês passado ele segurou pra mim?
- Sim... e que desculpa ele (Filho da puta!) deu pra não vir?
- Não é desculpa não, ele vai ter que entrar numa cirurgia sem previsão pra acabar, me ligou perguntando se eu podia segurar algumas horas pra ele... Eu disse que ele podia deixar o plantão todo para mim, afinal não tinha nenhum compromisso para hoje mesmo.
- É, fez bem (Merda!).
- E as crianças?
- Tudo tranquilo.
- Bom, agora também são só mais essas doze horas e o fim de semana é nosso!
- Sim!
- Vou indo então amor, a enfermeira veio me avisar que as consultas estão acumulando. Te amo!
- Também te amo...
Janaína desliga o telefone. Minutos depois está em frente a sua casa. O portão eletrônico se abre ao seu comando e ela entra com o carro. Já está fechando a porta da sala quando ele encosta no chão novamente.
Entre as compras do supermercado havia uma garrafa de vinho que seria sua companheira essa noite. 
De taça na mão ela assiste ao jornal, seguido da novela. Depois coloca uma comédia romântica no DVD mas não consegue rir tão logo, só depois que o vinho sobe um pouco.


Por uma fresta na porta o vulto observa. Sua respiração é contida e seus passos leves. Ele não tem pressa, o tempo é e sempre será seu aliado. São anos de experiência, refinados a cada uma de suas "apresentações" como ele gostava de chamar para si mesmo seu passatempo sangrento.


Janaína sente uma corrente de ar frio passando por sua nuca. Não fosse a janela aberta na cozinha diria que estava mais para um presentimento do que para o vento propriamente dito. Ela fecha a janela e ruma para seu quarto. Senta-se na escrivaninha e liga o computador. Abre seu e-m@il, lê alguns, responde outros. O sono começa a bater... Ainda que essa noite seus planos tenham ido por água abaixo, amanhã cedo Pedro estaria de volta e poderiam sair para dar um passeio pela cidade, tomar um sorvete, namorar... Então, em meio a esses rompantes de adolescente apaixonada, surge uma ponta de arrependimento (seria isso?) por ter deixado os meninos com a avó. Se estivessem aqui, a essa hora ela provavelmente os estaria colocando no banheiro para escovar os dentes pra dormir, depois de algumas rodadas de videogame. Aquele vinho estava tão bom!


Quando a última luz se apaga o vulto sai de seu esconderijo e respira fundo. Era hora. Sua lâmina é afiadíssima, precisa e fria, muito fria. A última sensação de muitas pessoas foi ter gelo nas entranhas enquanto era rasgado de fora a fora, sem poder gritar pois tinha uma mão de aço tapando-lhe a boca. O sangue escorre, vísceras e orgãos são espalhados por toda a casa, carne humana é devorada com sofreguidão. O vulto está em êxtase.


Pedro liga para casa mas não atendem. Teve um pressentimento, um mau pressentimento, mas não era do tipo que dava importância para essas coisas. Tentou uma vez, outra e mais outra. A chegada de uma urgência no Pronto Socorro o impediu de tentar mais vezes. Não que fizesse diferença...


Saciado, o vulto deixa a casa. Sorrateiramente ele desliza pela rua até que desaparece, sem deixar nada de si para trás.


Cansado, Pedro chega em casa. O portão eletrônico se abre a sua frente. Ele entra e vai direto ao quarto das crianças, dar aquela espiadinha paternal básica. Os meninos não estavam ali. Nem dormindo no seu quarto também, onde a ausênsia mais gritante era a da esposa. Será possível que tinham saído assim tão cedo?
O telefone toca na sala. Ele já está chegando perto para atender quando tem um pequeno sobressalto ao ver Janaína se levantando do sofá, que ficava de costas para quem vinha pelo corredor dos quartos.
- As crianças...?
- Na sua mãe, deixei eles lá ontem pra gente ter uma noite só nossa...
O telefone toca insistentemente.
- Estraguei tudo, não foi?
- Ainda temos o fim de semana praticamete inteiro pela frente, e vai ser inesquecível!
Pedro atende o telefone:
- Alô... sim... sim... - diz ele empalidecendo. -Não...
- Querido?
- Não... - as lágrimas surgem.
- Querido... os meninos...?
- NÃO! - grita Pedro e bate o telefone.
Um olhar de Pedro responde a pergunta de Janaína.
Eles se abraçam.
Gritos ecoam do lado de fora da casa.


Não muito longe dali, o vulto entra em seu trabalho. Cumprimenta simpaticamente cada colega por qual passa até chegar ao seu setor. As lembranças da noite anterior ainda estão frescas em sua memória, tudo correra perfeitamente como sempre. Teria alguns dias ainda para planejar a próxima apresentação. Dessa vez ao invés de crianças estava pensando em destrinchar um casal de idosos. Mas não queria pensar nisso agora, tinha muito tempo pra isso pela frente ainda...

sábado, 26 de junho de 2010

Mais dois Blogs!


O primeiro é de minha autoria, trata-se do Filme meu, filme meu... e é um espaço que vou ultizar especificamente pra falar sobre filmes em geral. Aqui está o link para quem se interessar: http://www.filmemeu.blogspot.com/


O outro blog trata-se do Langoliers, onde você vai encontrar muitos filmes para baixar com o diferencial de que a grande maioria deles vem um único arquivo (ficar baixando parte 1, parte 2... é um saco) e já legendados em portugês! Já comecei bem baixando ontem Assassinato por Morte, uma comédia baseada em filmes de detetive. Eis o link: http://langolierss.blogspot.com/


Depois de baixar o filme, se você é como eu e não gosta de assistir no computador, baixe o ConvertXToDVD aqui http://www.baixaki.com.br/download/convertxtodvd.htm e use esse códico para desbloquear
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terça-feira, 22 de junho de 2010

Sanguinolento


Pra quem gosta de filmes de terror/suspense, vou deixar o link para o Sanguinolento, onde você poderá baixar várias pérolas desses gêneros.
http://sanguinolento.blogspot.com/
Fica a dica!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Rebelião no Hospício


Era uma vez um hospício onde ia tudo de mal a pior:

Era mal administrado, não prestava serviço adequado aos seus internos, havia corrupção por toda parte, entre vários outros problemas seríssimos.
A gota d'água mesmo veio na hora do almoço de uma quinta-feira. Podia ter sido numa terça ou quarta-feira, mas não... Resolveram bem na quinta avisar (e em cima da hora, diga-se de passagem) que o purê-de-batata estava suspenso do cardápio.
Não era de hoje que essa notícia vinha sendo sussurada pelos corredores do hospício.
"Não sei o que vai dar se isso realmente acontecer..." diziam os enfermeiros pelos corredores, acertadamente antevendo e já temendo o pior.
O que importa é que cortaram o mesmo o purê-de-batata, e isso foi demais para os loucos que ali viviam e que a muito tempo já sabiam que o prato estava com os dias contados (afinal de contas eles eram loucos, não burros).
Tiveram todo o tempo do mundo para se preparar antes, tinham tudo esquematizado se essa barbaridade viesse a ocorrer!
Tão organizados quanto formigas, conseguiram capturar todos os funcionários do hospício (um a um, sem alarde) e ao invés de anunciar isso com todo o estardalhaço pro mundo inteiro, preferiram ficar na deles.
Foram administrando o hospício a sua maneira, afinal de médico e louco todo mundo tem um pouco.
Os reféns passaram a ser tratados como internos (e depois de algum tempo acabaram por se acostumar com a idéia), alguns internos permaneceram como internos e outros assumiram os diversos cargos necessários para tocar o barco, como se nada tivesse acontecido.
Foi um sucesso a rebelião dos loucos.
Meses depois, "nosso" hospício virou modelo para todo e qualquer tipo de instituição no país.
Suas normas e rotinas foram implantadas em vários lugares, sendo que alguns dos novos administradores foram convidados a fazer palestras até no exterior sobre o tema.
Tudo ia muito bem até que um auditor com cara de rato começou a desconfiar daquele lugar onde tudo funcionava direito demais, sobrava verba, não gerava reclamações... alguma coisa de errado tinha que ter ali!
Não foi preciso uma investigação muito mais profunda.
O sonho acabou.
As rédeas do hospício voltaram para pessoas normais, os lugares que adotaram suas políticas ficaram com o nome sujo (por melhor que tenham funcionado nesse período) e em dias a utopia que tinha se formado ali se desfez.
Em pouco tempo tudo estava funcionando como antes:
salários atrasados, falta de manutenção, abandono, muita robalheira e violação de direitos.
Mas não vai ser assim por muito tempo não... ouvi cochicharem por aí que estão querendo cortar o suco de cajú.
Aí meus amigos, se preparem pois a coisa vai ser feia MESMO!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Garotos Perdidos 3 - Trailer Legendado

 Pra não dizer que eu ando totalmente afastado do mundo cinematográfico (FINADOS já é praticamente uma lenda urbana, e Formigas ainda não tá 100% filmado), resolvi pegar um trailer recém-lançado e legendar. 
É a segunda sequência de um dos meus filmes favoritos, Garotos Perdidos
Como meu inglês não é lá essas coisas, traduzi o básico do básico e apelei para meu fiel amigo Pedro Baldurquino
Com uma pequena grande ajuda da comunidade EU AMO INGLÊS do Orkut (faltava UMA palavra pra terminar, e eu e ele já estávamos quase a beira da loucura tentando entender), finalmente terminamos de legendar o trailer.
Tá aqui, pra quem quiser assistir: 

terça-feira, 25 de maio de 2010

No dia mais claro, na noite mais densa...

In brightest day
in blackest night 
no evil shall escape my sight! 
Let those who worship evil's 
might beware my power, 
Green Lantern's light!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Esquizofrenia


Exausto depois de mais um dia de sua fria, robótica e patética existência, o rapaz deita-se para dormir.
Sua mãe trocara toda a roupa de cama.
Talvez aninhado entre todos aqueles lençóis, travesseiros e cobertas macias o sono não demorasse a vir, como sempre acontecia...  Não! No fundo ele sabia que o sono ia demorar sim, como sempre.
Virou de um lado, do outro, trocou os travesseiros de posição (dormia com pelo menos três: um sob a cabeça, abraçado a outro e com o terceiro entre os joelhos) e nada.
Então os pensamentos começaram a vir.
Eram sempre os mesmos pensamentos, sempre antes de dormir e sempre pensados somente naquela lacuna de tempo entre deitar e pegar no sono.
Em outros momentos, ao longo do dia, era como se eles não existissem, como se nunca antes tivessem sido pensados. E se ele não se lembrava deles depois e ninguém sabia da existência de tais pensamentos (a não ser ele mesmo, ainda que somente durante o momento em que os pensava), era como se eles realmente não existissem.
Não havia uma lógica ou coerência nos tais pensamentos, eram questionamentos sobre até que ponto a vida era real, o mundo era real, a "realidade" era real.
Um pensamento levava a outro, que levava a outro (sempre o mesmo caminho todas as noites), até que ele chegava num ponto em que surgia - como por mágica - uma idéia que saía completamente fora da linha de raciocínio que estava seguindo e o fazia perder o fio da meada, bem quando ele já estava sentindo que se aproximava de alguma coisa muito perto de uma resposta (resposta essa que ele originalmente não procurava).
Era como se algo, alguma coisa ou alguém não quisesse que ele descobrisse a verdade, fosse ela qual fosse.
Sem ter a menor idéia de quanto tempo se passou desde quando se colocara para dormir (o tempo era mais relativo do que nunca durante os tais pensamentos), o rapaz sabia que na próxima noite teria mais uma chance de "desvendar o mistério" (por assim dizer), embora só fosse voltar a pensar nisso quando chegasse a hora.
Como sempre (havia uma espécie de rotina na situação), começaram as vozes.
No começo da "conversa" eram sempre duas, com opiniões radicalmente contrárias uma da outra. Havia uma terceira que tecia breves e racionais comentários sobre as duas primeiras, uma quarta que nunca dizia nada mas estava sempre atenta as outras e uma quinta que não vinha sempre, mas era extremamente zombeteira e indelicada com as demais. Cinco foram quantas ele conseguira contar, mas provavelmente haviam mais pois a certa altura o zum zum zum era tanto que mal dava para distinguir quem dizia o que, e nesse exato momento ele lembrava como dormir: Já que não dava para acompanhar o que estava acontecendo, o segredo era simplesmente ignorar.
A partir do momento em que ele parava de tentar se identificar com essa ou aquela voz (e todas tinham um pouco - ou tudo - dele), o sono vinha.
A última lembrança antes de dormir era uma das vozes (talvez a que só "observava" as outras) lhe dizendo que isso não ia acabar bem.
Mas ele estava com tanto sono para pensar nisso agora...



FIM

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Ficha Suja



Você provavelmente já ouviu falar no Ficha Limpa, um projeto de iniciativa popular muito comentado desde o último semestre de 2009, quando foi apresentado à Câmara dos Deputados.
Em resumo, ele visa impedir que cidadãos anteriormente condenados por crimes graves não possam se candidatar a cargos públicos.
Como já era de se esperar (apesar do forte apelo popular de uma iniciativa dessas), os Deputados vinham movendo mundos e fundos para adiar ao máximo tanto a análise como a votação desse projeto.
Ontem (04/05/2010) resolveram aprovar o texto-base do projeto. Muitas concessões foram feitas em vista a idéia original, mas considero como a primeira batalha vencida na guerra contra os políticos mal-intencionados que infestam nosso país.

Veja os deputados que votaram para adiar o Projeto Ficha Limpa:

SIM (pelo adiamento da proposta)

Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP)
Bel Mesquita (PMDB-PA)
Benedito de Lira (PP-AL)
Beto Mansur (PP-SP)
Chico Daltro (PP-MT)
Eunício Oliveira (PMDB-CE)
Indio da Costa (DEM-RJ) *
José Carlos Araújo (PDT-BA)
Maria Lúcia Cardoso (PMDB-MG)
Maurício Quintella Lessa (PP-AL)
Moises Avelino (PMDB-TO)
Neudo Campos (PP-RR)
Roberto Balestra (PP-GO)
Zé Gerardo (PMDB-CE)

Obstrução:
Asdrubal Bentes (PMDB-PA)
Bilac Pinto (PR-MG)
Darcísio Perondi (PMDB-RS)
Dr. Paulo César (PR-RJ)
João Carlos Bacelar (PR-BA)
José Rocha (PR-BA)
Leo Alcântara (PR-CE)
Leonardo Picciani (PMDB-RJ)
Marcelo Guimarães Filho (PMDB-BA)
Marcelo Teixeira (PR-CE)
Marcos Lima (PMDB-MG)
Mauro Benevides (PMDB-CE)
Neilton Mulim (PR-RJ)
Paulo Roberto Pereira (PTB-RS)
Roberto Alves (PTB-SP)
Sandro Mabel (PR-GO)
Silas Brasileiro (PMDB-MG)
Valdemar Costa Neto (PR-SP)


Abstenção (esses são os que estão cagando e andando pra coisa):
Eugênio Rabelo (PP-CE)
Jair Bolsonaro (PP-RJ)
Paulo Pereira da Silva (PDT-SP)
Moacir Micheletto (PMDB-PR)


* O deputado Índio da Costa retificou depois seu voto, declarando que, na verdade, votou "não".

Infelizmente a maioria dos brasileiros está com coisas mais importantes na cabeça do que a integridade moral/criminal dos seus futuros governantes (como a Libertadores da América, por exemplo), mas seria interessante fazer circular essa lista com os nomes dos interessados em manter o direito de políticos com a ficha suja administrarem o que é nosso.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Dez Dicas de uma Sexóloga sem Paciência

- Como faço para seduzir o rapaz que eu amo?

R: Tire a roupa! Se ele não te agarrar, cai fora que é gay.

- Terminei com meu ex porque ele é muito galinha e agora estou com outro. Mas ainda gosto do ex e às vezes fico com ele! O que devo fazer?
R: Quem é mesmo galinha nesta história?


- Quero saber como enlouquecer meu namorado só nas preliminares.
R: Diga no ouvidinho dele: 'minha menstruação está atrasada..'


- Sou feia, pobre e chata. O que devo fazer para alguém gostar de mim?
R: Ficar bonita, rica e ser legal. Obviamente.


- O cara com quem estou saindo é muito legal, mas está dando sinais de ser alcoólatra. O que eu faço?
R: Não deixe ele dirigir.


- Por que, na hora do sexo, quando a gente está no vai e vem, na hora em que o corpo entra em atrito e faz aquele barulho de quem está batendo palmas, a gente fica mais excitado?
R: É porque parece que tem torcida, tá ligado? Da próxima vez grite pra galera


- Apesar do meu tamanho, eu tenho apenas 15 anos de idade e não tenho cara propriamente linda. O que fazer para conseguir comer umas gatas?
R: Nesta idade você tem que comer Sucrilhos, entende?


- Sou virgem e rolou pela primeira vez de fazer sexo oral. Terminei engolindo o negócio e quero saber se corro o risco de ficar grávida. Estou desesperada!
R: Claro que corre o risco de ficar grávida. E a criança vai sair pelo seu ouvido.


- A primeira vez dói? Tenho 21 anos e ainda não transei porque tenho medo de doer e não agüentar.
R: Dói tanto que você vai ficar em coma e NUNCA mais vai levantar. Vê se deixa de ser fresca, e dá de uma vez, ô Cinderela!!!


- Posso tomar anticoncepcional com diarréia?
R: Eu tomo com água, mas a opção é sua. Espero que use copo descartável.

sábado, 24 de abril de 2010

As Pessoas mais Inteligentemente Burras da Terra


Já postei esse vídeo no Twitter, mandei pra um monte de gente no Orkut, por e-m@il e estou rindo até agora... São umas vídeocassetadas que você provavelmente já viu antes, mas com uma narração hilariante e comentários melhores ainda!
Acho que vale a pena assistir, então tá aqui:

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Fogo de Palha



Começou tão rápido que ninguém soube explicar quando, onde ou por qual motivo.

Foi aquele alvoroço: Correria pra lá, pra cá, todos inquietos e sem falar em outra coisa até que tão repentinamente como se iniciara, acabou...

Pouco tempo depois já não se lembravam mais, fora só fogo de palha!

Recompensa

Aí o que você ganha quando dá remédio pro seu gatinho não convulsionar...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Quadrinhos do Anselmo



Desenhei essas histórinhas (clique nelas para ampliar!) ao longo do ano passado, pensei em ir postando de uma em uma mas resolvi por tudo de uma vez, sem dó nem piedade:

Velório Insano

Saco de Bosta

Círculo Vicioso

Via Retal

Negócio Arriscado

Final Feliz?

Apego Mórbido

Queda Vertiginosa

Enquanto isso...

Distância

Vitimismo e Solidão

Conveniências Convenientes



Fim