terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Corno


Por onde o corno passava, todo mundo comentava baixinho: 
"Lá vai o chifrudo!". 
Mas não baixo o suficiente que o corno não pudesse ouvir. Por vezes não era preciso nem ouvir, bastava olhar pras pessoas e ver o escárnio estampado na fisonomia delas. 
"Lá vai o corno!". "Lá vai o chifrudo!". "Abaixa pra passar pela porta senão quebra o chifre!".
E isso foi tomando conta de tal maneira da alma e do coração do corno que um dia ele não aguentou mais e se matou. 
No velório as pessoas comentavam: 
"Que absurdo, moço tão novo, inteligente e bonito fazer uma besteira dessas por causa de mulher...".


FIM

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Luvas



Cansado de adaptar piadas populares, resolvi fazer algo só meu dessa vez.
Meu novo curta-metragem será Luvas, e com esse vou até o fim!
Abaixo você assiste ao teaser (que, modéstia a parte, eu particularmente adorei!).
A história será mantida em sigilo até o dia da estréia, mas se você estiver interessado(a) em me ajudar na produção desse filme, preciso de fotos 3x4 femininas para usar em uma determinada cena. 
Obrigado!


sábado, 6 de novembro de 2010

"The Forever Please Remember"



*Baseado em fatos reais.


Quem gosta de escrever certamente já passou por momentos de bloqueio criativo durante os quais não  consegue "parir" nada que valha a pena. Não, não estou passando por uma fase dessas (embora ultimamente não esteja escrevendo com a frequência que gostaria), só comentei isso antes de ir para a história (de tão bizarro título, diga-se de passagem) propriamente dita porque as vezes ficamos tão preocupados em criar toda uma situação interessante para o "papel" a ponto de esquecermos que certas vezes testemunhamos (e mesmo protagonizamos) histórias tão ou mais esdrúxulas que a ficção. 
A história que segue é baseada em fatos reais. Pior que isso: Aconteceu de verdade! 
Não foi comigo, foi com um amigo cujo o nome (bem como o de todo(a)s os demais envolvidos) manterei no mais absoluto sigilo. 
Esse meu amigo casou-se bêbado (literalmente, eu estava entre os convidados da cerimônia onde serviram uma batatinha inglesa da qual não me esqueço até hoje) com uma menina muito legal (minha amigona também) e tiveram uma linda filinha. 
Viveram bem e felizes por algum tempo até que um dia resolveram se separar (na verdade foi ela quem quis). 
A notícia do rompimento de ambos me pegou de suspresa pois eu frequentava a casa deles e os tinha como um casal feliz e inseparável apesar das adversidades que existem na vida de todo mundo.
O caso foi que meu amigo acabou ficando meio chupeta da cabeça com a separação, embora nunca tinha sido exatamente um exemplo de sanidade. Vivia com histórias estranhas como a de que as pedras de uma cachoeira são moles pela manhã, que os espermatozóides sobrevivem por seis meses no estômago de uma mulher se ela engolir o sêmem após o sexo oral, que cachorrões pretos apreciam para ele na véspera de quando algum conhecido seu fosse morrer, que ele aprendeu japonês jogando PlayStation, entre outras... 
Depois de ser abandonado pela esposa suas histórias atingiram um patamar superior. Ele foi até um amigo meu querendo uma espingarda de pressão emprestada. Indagado sobre pra que precisaria da arma de chumbinho, respondeu que tencionava matar um Anú-preto. Além de meio zureta meu amigo agora tencionava se tornar um criminoso ambiental, logo ele que sempre me pareceu ser um defensor da natureza. Novamente questionado sobre seus intentos acabou revelando que precisava caçar um Anú para arrancar, torrar e ralar o bico do bicho. Segundo lhe disseram, se atirado sobre a cabeça da mulher o pó mágico resultante do processo a faria se (re)apaixonar pelo projeto de feiticeiro-macumbeiro (Nota do escritor: Perguntar para a fonte se a espingarda chegou a ser emprestada).
Com a falha da tentativa da Simpatia do Anú (se é que ele chegou a tentar), esse meu amigo resolveu mudar de tática. Já que meios sobrenaturais estavam fora de cogitação, ia tentar reconquistar sua amada de uma maneira menos garantida: Conversando! 
Uma vez que ela recusava-se a se encontrar com ela, a maneira encontrada foi telefonar. Só que ele não tinha telefone... Para sua sorte o vizinho (e meu amigo também) de muito bom coração emprestou seu telefone para que ele ligasse para o celular da ex e com ela falasse por horas. Horas! A conta do telefone, quando chegou, assustou muito mais do que os contos de terror e suspense que escrevo as vezes. E para piorar nada deles reatarem.
Um último esforço foi planejado então. 
Meu amigo de coração partido fez uma seleção de músicas românticas bem ao gosto da mulher que amava e queria de volta. Gravaria todas elas num CD (fazem alguns anos isso já, e gravar um CD naquela época não era algo tão acessível como hoje em dia) e a presentearia. "The Forever Please Remember" foi como ele batizou a seleção de músicas, mostrando que se era o Ás do japonês, do "ingrêis" passava longe!
Para gravar o disco foi pedir ajuda novamente para o cara que gentilmente lhe cedeu o telefone (e ainda estava remoendo o prejuízo). Como uma vingança maligna, ele topou de gravar o CD mas ao invés das músicas levadas tascou de "Vai Lacraia" pra baixo no disco, que foi entregue para o alvo no mesmo dia. 
Não preciso nem dizer que os dois jamais reataram... 
Mas viveram felizes para sempre, separados mesmo.


FIM