segunda-feira, 7 de março de 2011

O Último Desejo


Todos se sobressaltaram quando em seu leito de morte o moribundo pediu que trouxessem seu mais notório desafeto para uma conversa derradeira. A doença lhe restringia praticamente todos os movimentos e o mantinha preso a cama, mas deixou sua lucidez intacta resolveram acatar-lhe a vontade. 
"Quer perdoar e ser perdoado, que lindo!",  comentava quem estava por perto. 
O inimaginável visitante veio logo que foi chamado. Entrou no quarto e ali foi deixado a sós com o enfermo.
A principio apenas entreolharam-se, mas quando o homem que estava de pé começou a abrir a boca o moribundo soltou um gasnido baixo, praticamente inaudível. 
O gesto repetiu-se algumas vezes até que o homem dirigiu-se até ele e inclinou a cabeça para perto de sua boca, com a intenção de colar seu ouvido a ela e ouvir o que tinha de ser dito.


Nhac!


Quando ouviram os gritos vindos de dentro do quarto era tarde demais: O homem da cama finalmente tinha morrido. Não pela doença, mas engasgado com um naco de carne arrancado com uma mordida precisa no pescoço do "amigo", que jazia encostado na parede ao seu lado com a jugular dilacerada.


FIM