terça-feira, 22 de abril de 2008

O Mensageiro de Satanás


O filme começa bem.


Na Espanha, a alguns séculos atrás, um padre chamado Esteban foi excomungado pela igreja católica por praticar satanismo (um excelente motivo para excomungar um padre, diga-se de passagem) e expulso do país, com a promessa de que se ali voltasse, seria entregue aos inquisitores.


Antes de partir, Esteban ainda acha tempo para sacrificar uma virgem.

Essa introdução ao filme funciona bem. O ator que interpreta o padre tem toda a pinta de vilão, sem parecer caricato.


Se o filme pode ser classificado como terror, é graças a este pequeno prólogo.


Porque daqui pra frente vira uma comédia só...


Vejam só:

Nos dias atuais (início da década de oitenta, os dias atuais da época em que o filme foi feito) acompanhamos o cotidiano do jovem Coopersmith.


Coopersmith é orfão e estuda num conceituado colégio militar, graças ao serviço de assistência social que o "encaixou" ali, entre filhinhos-de-papai e playboyzinhos cuja maior diversão na vida é perturbar o pobre Coopersmith.


Mas não pense que em algum momento você se solidariza com a criatura... Eu mesmo, se estudasse ali, dificilmente resistiria a tentação de dar uma zoadinha com o Coopersmith.

Ele meio que faz por merecer:

Recusa-se a sair do time de futebol por mais perna-de-pau que seja, o que impede seu time de ganhar as partidas que disputa, está sempre atrasado para as aulas, vive com o uniforme todo suado (com aquelas rodelas úmidas nas costas e axilas), gagueja, penteia o cabelo todo pra frente pra cobrir a testa protuberante graças a calvíce em estágio inicial, entre outras coisas.


A certa altura do filme, um professor diz que não acredita como pode um aluno cujos testes revelaram possuir um QI elevado ser tão pateta e lerdo daquele jeito. E você fica imaginando que os testes de QI de quase trinta anos atrás só serviam pra limpar a bunda, pq se um sujeito como o Coopersmith era um prodígio eu sou a Madre Tereza de Calcutá...


Um belo dia nosso herói recebe a tarefa de limpar o porão da capela do colégio, e acaba descobrindo um compartimento secreto, onde está a tumba do exilado padre Esteban, bem como pergaminhos e um diário do mesmo, ensinando passo a passo como evocar o Capeta para que este conceda poderes para que quem o chamou se vingue de todos seus inimigos.


A descoberta cai como uma luva para Coopersmith, que rouba um computador, o leva para o porão e passa todos os dados dos manuscritos para ele traduzir.


O computador, além de traduzir, acaba meio que sendo possuído pelo espírito do finado Esteban e passa a exigir passo a passo as etapas do ritual: Itens consagrados, sangue, sacrifícios, essas coisas que estes rituais sempre pedem...


As primeiras partes do ritual são realizadas sem querer por Coopersmith, quando ele se corta sobre o altar, por exemplo.

Depois o zelador da capela é assassinado pelo espírito de Esteban quando tenta estuprar Coopersmith como punição por ele ter sumido com uma de suas ferramentas de trabalho (nossa, vou começar a tomar mais cuidado com as coisas dos outros a partir de agora...).


Depois de muita humilhação de seus colegas, a gota d'água finalmente vem quando os garotos que encrencam com Coopersmith descobrem a cúpula secreta e sacrificam o cachorrinho que ele tinha ganho do cozinheiro porco da escola, que é a cara do cartunista Ziraldo.


Coopersmith finaliza o ritual no porão enquanto todos os seus desafetos estão coincidentemente reunidos na capela, e mata a todos ajudado por uma manada de porcos comedores de gente.


No fim, entra uma nota esclarecendo que as mortes nunca foram explicadas e que o único sobrevivente do massacre (Coopersmith) estava internado em um hospício.
Cenas dignas de nota:
- A decapitação da moça pelo padre Esteban no começo do filme, onde a cabeça dá lugar a uma bola de futebol (em um corte interessante), simbolizando o passar do tempo;
- A morte do zelador da capela, que tem a cabeça torcida para trás;
- O ataque de porcos assassinos a secretária do colégio numa banheira. Interessante notar que a moça possui um seio visivelmente maior que o outro.
Um filme divertido, que mantém o interesse e diverte até mesmo (ou talvez justamente) por seus erros.
É facilmente encontrado a venda em qualquer loja virtual por um precinho camarada.

3 comentários:

Unknown disse...

porra esse filme me marcou muito! eu adoro o clima que ele passa de juntar o passado com o futuro em um clima macabro e satanico muito foda!! ah e essa capa esta muito moderna prefiro a principal!! 666 to hell!!

Anônimo disse...

É uma pena que este filme não tenha tido um bom tratamento técnico, poi merecia ser bem mais do que uma curiosidade trash. A trilha sonora é muito boa

Cross Cabra disse...

Quando era criança, meus irmãos mais velhos alugaram. Lembro da cena da moça sendo atacada pelos porcos na banheira. Já estou procurando o filme para baixar, e sim, a capa era outra, provavelmente da Look Vídeo.