terça-feira, 2 de setembro de 2008

Os Heróis não tem Idade (Cloak & Dagger)

Gravei este filme da televisão em 1988.
A fita, infelizmente, não sobreviveu ao mofo ou a um vídeo cassete mastigador.
Quando eu e alguém conhecido falamos sobre filmes (e inevitávelmente chegávamos a sessão "lembra desse?"), Os Heróis não tem Idade é um dos que eu cempre cito. Não fosse por meu irmão, acho que estaria sozinho no mundo. Ou que o filme não tivesse passado de uma alucinação minha.
Felizmente, nem uma coisa nem outra!
O filme finalmente foi disponibilizado em DVD e eu, é claro, não poderia deixar de acrescentá-lo a minha coleção. Por coincidência, a poucos dias atrás antes de eu saber que o DVD finalmente ia sair, meu irmão me perguntou se ele (o filme) não existia em DVD pois queria ver de novo.
Foi interessante a experiência de rever Cloak & Dagger tantos anos depois.
Continuo gostando do filme, talvez mais ainda agora, mas foi diferente do que eu achava que seria...
Vou evocar meu Eu aos oito anos de idade pra falar um pouco do filme agora:
O filme mostra um garoto (ajudado por um amigo imaginário) que acaba recebendo sem querer um cartucho de videogame contendo informações secretas e tem que escapar dos caras "do mal" que querem a fita de volta.
Obrigado, Anselminho, pode voltar pra... pro... ah, sei lá, some daqui!
Vá torturar insetos, fazer guerrinha com bagaço de mexerica, desenhar desmembramentos ou terminar de construir sua máquina do tempo com aqueles restos do velotrol cor de laranja...
Descrição simples, não?
Vejamos agora o que o Eu Atual, do alto dos meus quase trinta anos de idade, tem a falar:
Mais do que uma aventura infanto/juvenil, Os Heróis não tem Idade é um ritual de passagem da infância para a adolescência (fase da vida meio que ignorada pelo cinema, que prefere explorar a passagem para a vida adulta).
É sobre a época em que precisamos deixar nossos brinquedos, brincadeiras e heróis de lado para começar a abrir nossa percepção para o mundo real.
Descobrimos que David (vivido por Henry Thomas, mais conhecido como Elliott - o garotinho do filme E.T.) acabou de perder sua mãe e vive num mundo de fantasia, onde uma simples ida a uma loja de videogame se torna uma missão perigosíssima, digna de um James Bond, Ethan Hunt, Jason Bourne ou melhor ainda: Jack Flack, o herói favorito de David e seu amigo imaginário nas horas vagas.
Descontando o espião de faz-de-conta, David só possui dois amigos: Um nerd barbudo da loja de eletrônicos (que é a cara do Richard Dreyfuss no primeiro Tubarão) e sua vizinha Kim, uma branquelinha da mesma idade de David e que vive passando vergonha graças a mania do garoto de transformar tudo em aventura.
O relacionamento de David com seu pai também não é dos melhores: a morte da mãe/esposa acabou por distanciar os dois, e o pai não sabe o que fazer para ajudar a apaziguar o sofrimento do filho que cada vez mais perde o contato com a realidade. E o pior é que todas as suas iniciativas (como proibir jogos de videogame ou contratar um psicólogo) acabam por afastá-los ainda mais. Não por menos a melhor sacada do casting do filme: Tanto o pai do moleque como seu herói Jack Flack são vividos pelo mesmo ator. Em diferentes momentos, um acaba suprindo a necessidade do outro.
Mas essa é a análise fria do filme.
Falando assim, até parece um dramalhão...
Não é!
A coisa complica para o lado de David quando durante uma de suas "missões" (pegar panfletos da loja do amigo nerd e bolinhos na máquina de doces) ele acaba testemunhando um assassinato de verdade e de lambuja recebe das mãos da vítima moribunda um cartucho de videogame contendo a planta de um avião invisível aos radares.
Obviamente ninguém acredita nele, os assassinos limpam todos os vestígios do crime antes da polícia chegar e partem para recuperar o game.
Involuntariamente David acaba envolvendo seus únicos dois amigos na aventura. Felizmente ele pode sempre contar com a ajuda e experiência de Jack Flack.
Ao fim do filme fica bem claro quem são os verdadeiros heróis e que não há problema algum neles contarem com uma forcinha dos seus próprios heróis imaginários quando a situação realmente aperta!
Reassistir a este clássico (pra mim é um clássico e pronto e acabô!) me deixou com um sorrisão de orelha a orelha, o que me fez pensar que o Anselminho lá de trás, de uma certa forma, fez um trabalho decente com aqueles pedaços do velotrol...

6 comentários:

Unknown disse...

Nooooossa, tirou do fundo do baú! Só ocê e o fio não! Eu lembro e assistia esse filme quantas vezes ele passasse na Sessão da Tarde. E foram muitas hein! hehe.
Bom demais!

Obs.: creio que a relação entre o menino com o pai, após a perda da mãe, e sua projeção de um herói imaginário parecido com o pai poderiam ser analisadas por um viés freudiano... Mas eu nõ sei fazer isso, então f***-se, o filme é bom demais! hehehe

Menina Magrelinha disse...

eu acho q eu nao vi esse filme :(

otima a foto do post anterior ahahha
beijoss

Anônimo disse...

Cara, não é só tu e teu irmão que lembravam deste filme! Eu também me senti uma alienígena por muito tempo por achar que era a única deste planeta que assistia sessão da tarde e recordava deste filme tão diferente e interessante (do meu ponto de vista da infancia). Só que eu lembrava do filme mas não do título, aí por muito tempo tentei em vão encontrar informações sobre ele na net. Tentei jogar de tudo no google e nada. Semana passada estava pesquisando uns vídeos à toa na net, e eis que encontro por acaso o DVD "Os Heróis não tem idade" Ao ver a imagem da capa do DVD na hora associei àquele filme que tanto procurei, e era ele mesmo! Que felicidade! Agora vou comprar o DVD e não vejo a hora de assistir novamente! Achei muito legal ter achado este teu post, falando com carinho deste digamos assim "" cult" da sessão da tarde! Bjs!

Anônimo disse...

Uma vez, durante uma coisa sobre lembranças da infância, comentei que eu amava um filme que passava na sessão da tarde, mas não lembrava o nome... Apenas flashes de algumas cenas. Lembrava da velha sem dedo... Do menino dirigindo o carro por um estacionamento, se esticando para alcançar os pedais, mas sem enxergar o que estava pela frente. Lembrava das cenas no aeroporto, no barco... E todos diziam que eu era louco e havia sonhado com tudo isso e achava que era um filme. Durante muito tempo isso ficou mal resolvido até um dia que o assunto foi retomado com outro grupo de amigos e um deles lembrava. Juntei com algumas lembranças dele e finalmente achei o nome e tudo mais. Foi uma sensação maravilhosa... Mas ainda não consegui assistí-lo novamente. Estou muito ansiosa!!!

Anônimo disse...

Sou Rosana, SP, tenho 44 anos, e esse filme nunca saiu da minha cabeça, como foi dito acima, parece que é um mini James Bond mesmo o garotinho... um filme que assistirei quantas vezes passar na sessão da tarde e vou adquirir pro meu filhinho de 8 anos ver como em uma época remota existia cartuchos de vídeo game... eu também lembrei da velha sem dedo, da dificuldade dos pedais do carro, e do barbudo que acabou sendo assassinado, cenas inesquecíveis do filme. uma gracinha mesmo essa historinha, vale sempre a pena ver de novo. quando eu trabalhava numa locadora em 1985, havia 20 cópias desse filme e raramente uma delas parava nas prateleiras...

Janaina disse...

Eu também achava que esse filme devia ser uma alucinação minha, só eu lembrava dele. A cena que eu mais lembrava e gostava era quando a velinha tirava a luva e o garoto olhava assustado pra mão dela vendo que tinha sido pego pelos bandidos.
Esse filme é muito bom, achei pra baixar na internet, espero que eu consiga.