sábado, 11 de outubro de 2008

Fragilidade

Numa bela terça-feira estávamos eu mais meus pais e irmão voltando para casa.

Eu no volante.

Fomos no casamento de uma prima em São Paulo.

No domingo anterior eu estava num restaurante australiano (não fui visitar a terra dos cangurus, estava num que serve comidas típicas) comendo uma saborosa costela de porco com um molho doce (que não lembro o nome mas era uma delícia) quando meus primos paulistanos me perguntaram o que havia de bom na minha cidade pra se comer.

Respondi de cara o primeiro prato "típico" que me veio na cabeça:

O X-TUDO Duplo com Catupiry da mais popular lanchonete da minha pequena localidade.

Combinamos de que quando eles viessem pra cá, traçaríamos juntos a iguaria.

Eu, por algum motivo, fiquei com vontade do tal lanche na mesma noite, a quilômetros de distância. Gordinhos são um caso sério...

De volta a terça-feira:

A viagem de volta transcorreu tranquilamente, sem imprevistos.

Antes da entrada da minha cidade tem um morro, uma subida conhecida popularmente por "Serrinha" que já foi palco de vários acidentes com vítimas fatais.

Passava da uma da tarde, e chovia um pouco. Na minha frente um caminhão ia numa velocidade boa, tanto que não senti necessidade de ultrapassar. E já estava a uns cinco minutos de casa, correr a troco de que a essa altura do campeonato?

Repentinamente, o motorista do caminhão a minha frente jogou o veículo com tudo para a direita.

Faltou pouco, mas muito pouco mesmo, para que o caminhão tombasse no chão.

O motivo da manobra:
Vindo em sentido contrário, um outro caminhão (enorme, por sinal) vinha descendo e foi fazer uma curva em alta velocidade.

Com a pista molhada...

Sua cabine permaneceu na mão correta, mas a caçamba invadiu a pista contrária de atravessado, num ângulo de quase noventa graus!

Foi coisa de cinema, eu só vi a lateral da caçamba prateada crescendo pra cima de mim.

Num ato de puro reflexo repeti a mesma manobra do caminhoneiro que estava na minha frente, joguei meu carro pra direita, saí um pouco da pista, quase caí num precipício, voltei pra estrada e desviei do caminhão da frente, que diminuiu a velocidade depois de quase ter tombado.

Tudo isso em uns dois segundos!

A morte passou perto...

Passado o susto, a primeira coisa que senti foi raiva do caminhoneiro.
Minha vontade era de dar meia volta com o carro e ir atrás dele.
Quatro vidas seriam ceifadas e com ele não aconteceria absolutamente nada. Física ou mesmo criminalmente (Brasil, Brasil, Brasil!)

Nessas horas fica fácil de entender pq algumas pessoas não podem ter uma arma de fogo ao alcance das mãos.

Se eu tivesse uma naquele momento, estaria tentado a dar um fim sangrento a essa história (mais precisamente ao motorista irresponsável). Ainda assim, seria menos sangrento do que se meu carro tivesse sido golpeado de frente pelo monstro...

No fim das contas, não aconteceu nada...
Felizmente!

Na mesma terça-feira a noite eu tinha que trabalhar, então deixei para quarta meu X-TUDO Duplo com Catupiry.

Estava espetacular!

A vida é frágil...

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