terça-feira, 8 de junho de 2010

Rebelião no Hospício


Era uma vez um hospício onde ia tudo de mal a pior:

Era mal administrado, não prestava serviço adequado aos seus internos, havia corrupção por toda parte, entre vários outros problemas seríssimos.
A gota d'água mesmo veio na hora do almoço de uma quinta-feira. Podia ter sido numa terça ou quarta-feira, mas não... Resolveram bem na quinta avisar (e em cima da hora, diga-se de passagem) que o purê-de-batata estava suspenso do cardápio.
Não era de hoje que essa notícia vinha sendo sussurada pelos corredores do hospício.
"Não sei o que vai dar se isso realmente acontecer..." diziam os enfermeiros pelos corredores, acertadamente antevendo e já temendo o pior.
O que importa é que cortaram o mesmo o purê-de-batata, e isso foi demais para os loucos que ali viviam e que a muito tempo já sabiam que o prato estava com os dias contados (afinal de contas eles eram loucos, não burros).
Tiveram todo o tempo do mundo para se preparar antes, tinham tudo esquematizado se essa barbaridade viesse a ocorrer!
Tão organizados quanto formigas, conseguiram capturar todos os funcionários do hospício (um a um, sem alarde) e ao invés de anunciar isso com todo o estardalhaço pro mundo inteiro, preferiram ficar na deles.
Foram administrando o hospício a sua maneira, afinal de médico e louco todo mundo tem um pouco.
Os reféns passaram a ser tratados como internos (e depois de algum tempo acabaram por se acostumar com a idéia), alguns internos permaneceram como internos e outros assumiram os diversos cargos necessários para tocar o barco, como se nada tivesse acontecido.
Foi um sucesso a rebelião dos loucos.
Meses depois, "nosso" hospício virou modelo para todo e qualquer tipo de instituição no país.
Suas normas e rotinas foram implantadas em vários lugares, sendo que alguns dos novos administradores foram convidados a fazer palestras até no exterior sobre o tema.
Tudo ia muito bem até que um auditor com cara de rato começou a desconfiar daquele lugar onde tudo funcionava direito demais, sobrava verba, não gerava reclamações... alguma coisa de errado tinha que ter ali!
Não foi preciso uma investigação muito mais profunda.
O sonho acabou.
As rédeas do hospício voltaram para pessoas normais, os lugares que adotaram suas políticas ficaram com o nome sujo (por melhor que tenham funcionado nesse período) e em dias a utopia que tinha se formado ali se desfez.
Em pouco tempo tudo estava funcionando como antes:
salários atrasados, falta de manutenção, abandono, muita robalheira e violação de direitos.
Mas não vai ser assim por muito tempo não... ouvi cochicharem por aí que estão querendo cortar o suco de cajú.
Aí meus amigos, se preparem pois a coisa vai ser feia MESMO!

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