quinta-feira, 5 de junho de 2008

Assassinato no Expresso do Oriente (2001)


Infelizmente, não há muito o que se falar a respeito...

Afinal de contas, o Assassinato no Orient Express original (de Sidney Lumet) foi o primeiro filme baseado em um livro de Agatha Christie que eu li. E foi graças a ele que me tornei fã da escritora (já li uns sessenta livros dela desde então).

Lembro que foi num sábado chuvoso, dormi o dia inteiro e quando acordei fui alugar um filme. Entre os que "sobraram" na estante da locadora, só esse me pareceu uma boa opção, e foi a melhor escolha que eu poderia ter feito naquela noite fria, mesmo se todos os lançamentos estivessem disponíveis.

Mas voltemos ao filme de 2001...

Como eu já disse no começo, não há muito o que se falar a respeito.
A história é basicamente a mesma do livro e do já mencionado filme anterior.

A novidade é que se passa nos dias atuais. E é esse o problema...

Existem certas coisas que não devem ganhar uma roupagem moderna, e uma boa história de mistério escrita em meados da metade do século passado é uma delas. E isso não é nostalgia (embora eu me considere meio nostálgico as vezes), é puro bom-senso!

Hercule Poirot (o detetive criado pela escritora), já começa o filme desvendando um assassinato antes de embarcar no trem do título.

A maneira como faz isso já me deixou, de cara, com a pulga atrás da orelha. Ele simplesmente entrega o assassino à polícia pq em um fax ameçador recebido pela vítima há um palíndromo e o suspeito é fanático por esses joguinhos (o Poirot "verdadeiro", ao meu ver, ao menos se certificaria de que o homem não estava sendo incriminado por alguém). A casa caiu mesmo para mim foi quando, logo em seguida, o detetive recebe uma proposta de casamento da proprietária da boate onde o crime ocorreu.

O Poirot moderno resolve os casos com a ajuda de um LapTop, Internet, Telefone Celular e Revistas de Moda!

O personagem, interpretado por Alfred Molina (um ator que eu gosto), não tem nada a ver com o que nos é apresentado por Agatha Christie.

Molina tem mais de 1,90m de altura, cabelo demais, um bigodinho mixuruca e anda com uns ternos totalmente desalinhados e gravatas berrantes.

O Poirot do papel é baixinho, calvo, ostenta um bigode extravagante e tem um xilique se ao se olhar no espelho seu terno tiver uma manchinha ou a gravata torta. Resolve os casos mais misteriosos com a ajuda de suas "pequenas células cinzentas" (dois toquezinhos rápidos com o indicador na tempora direita), ordem e método. Como ele mesmo já disse, se você for investigar um homicídio e ir eliminando as possibilidades uma a uma, a que sobrar será a verdadeira.
Por mais absurda que pareça.

Um detetive assim não faz sentido nos tempos do Luminol, Testes de DNA e Carbono 14...
O novo filme funcionaria bem, ao meu ver, se eu não conhecesse a história.
Se alguém nunca leu o livro ou viu o filme de 1974, há uma grande chance de gostar. Afinal de contas é Agatha Christie, e o final é surpreendente!
Para quem não sabe o fim da história e não quer saber, recomendo que pare a leitura agora, pq eu vou contar...
Ainda aqui?
Bom, eu avisei...
Durante uma viagem de trem, um dos passageiros é assassinado a punhaladas. O assassino só pode ser um passageiro também (ou um funcionário da Companhia Wagon Lits). Por uma coincidência infeliz (para o criminoso, é claro) o detetive Hercule Poirot e uma nevasca (que bloqueia os trilhos) atravessam seu caminho.
Em pouco tempo descobre-se que a vítima era um bandido que a alguns anos atrás tinha sequestrado e assassinado uma criança.
Mais algumas investigações e ficamos sabendo que todos os passageiros do vagão onde o crime ocorreu e mais as pessoas que trabalhavam ali, estavam de alguma maneira ligados a menina morta ou a seus pais (a mãe morreu de desgosto após a morte da criança e o pai se suicidou).
O que não falta na história são suspeitos.
Todos tinham motivos de sobra para uma vingança, e foi simples assim: Todos mataram!
Todos!
Drogaram o homem quando ele foi dormir, entraram em sua cabine a noite e cada um deu uma punhalada no cidadão.
Armaram todo um plano para convencer o detetive de que um assassino contratado pela máfia tinha cometido o crime e fugido, mas não contavam com a inteligência de Poirot, que descobre a verdade e num ato de solidariedade (entre os assassinos estavam a avó da menina assassinada pela "vítima", o pai de uma jovem que foi acusada injustamente pelo crime, a tia da garotinha e por aí vai...) opta por entregar a versão do assassino fujão para a polícia assim que chegassem na próxima estação, livrando de vez a cara de todos os carrascos.
Nem o aparato tecnológico do Poirot do novo milênio consegue diminuir o impacto final da obra, mas o novo Assassinato no Expresso do Oriente de 2001 é muito inferior ao livro e filme anterior (filme esse odiado pela própria autora, não sei pq).
Se você puder escolher entre um ou outro filme, fique com o velho.
Ou melhor ainda, com o livro.
Agatha Christie rompeu com todas as regras convencionais dos escritores de mistério do seu tempo, principalmente a que pregava que o leitor de um romance policial devia ter as mesmas chances que o detetive para descobrir o culpado.
Dois livros dela altamente recomendados para quem é admirador desse tipo de literatura são O Caso dos Dez Negrinhos e O Assassinato de Roger Ackroyd. Garanto que você nunca ficou tão feliz ao ser enganado por uma mulher antes!
É, pra quem não tinha muito o que falar acho que já está bom...




Um comentário:

Menina Magrelinha disse...

Mto boa a conversa com o pastor!!!!

acho q nao vi esse filme :(
e por falar em filme.. já ouviu falar em um chamado a exentrica famila de antonia? estou atras desse filme mas parace q só ouvi falar...