sábado, 16 de janeiro de 2010

Mamihlapinatapai


Antes de tudo, acho que cabe uma explicação sobre o título do post:
Mamihlapinatapai é uma palavra usada pelos povos indígenas da Terra do Fogo (sul do Chile e Argentina) que significa "olhar um para o outro esperando que o outro se ofereça para fazer o que ambos desejam mas estão impossibilitados de realizar".
Sem brincadeira, achei lindo isso. Não propriamente a palavra (que eu tinha anotada a anos em algum lugar, no fundo do baú, e que só veio a tona quando eu precisei de um título desse tipo para meu novo filme), mas o fato de um momento tão singelo como o descrito pela palavra ter em outra cultura uma palavra exclusiva para o definir.
Aposto que todos já passaram por momentos mamihlapinatapai várias vezes ao longo da vida...


Agora vamos direto ao ponto.
Não é segredo para ninguém que eu gosto de fazer meus filminhos com meus amigos. E eu digo, com todo orgulho, que meus filmes são Trash (óóóóóóóóóóóóóó´hhhhhhhh...).
Sim, eu faço filmes Trash. Com poucos recursos, atores amadores, cenários precários, equipamento que em certos aspectos (iluminação e áudio principalmente) deixam a desejar e vários outros fatores que de certo ponto de vista, realmente não são os dos melhores.
O caso é que eu me divirto fazendo, e como ponto positivo escrevo histórias originais e interessantes pros meus filmes,  tenho uma porção de amigos que me ajudam e gostam do que faço e muitas, mas muitas pessoas que não participam das produções mas que as adoram e mal podem esperar a hora de que saia a próxima. Isso já é suficiente pra mim.
O Trash, como gênero cinematográfico (sim, ele o é) não é sinônimo de lixo como muitas pessoas pensam. Tem mais a ver com falta de recursos mesmo. Grana, atores profissionais cenários de luxo, som e iluminação perfeita. O que não falta é criatividade e jogo de cintura dos envolvidos para resolver os reversos. E quem faz Trash gosta do que faz, não está a procura de reconhecimento artístico, dinheiro, ovações do púplico ou um Oscar. Como eu disse antes, é para se divertir que um bando de marmanjos se junta e faz um filme desses, como se estivesse jogando uma pelada ou uma partida de videogame, falando abobrinhas, rindo muito e dando tudo de si para o resultado final.


Eis que eu coloco o trailer do meu FINADOS (que nunca acaba, eu sei) num fórum feito justamente para troca de idéias e informações sobre produções trash caseiras e me aparece uma anta sem noção descendo o pau no filme porque o elenco estava ruim, aquilo não prestava, isso era uma merda, etc.
Eu, sem entender, argumentei que aquele era justamente um espaço para se mostrar e debater filmes nesse estilo e que se eu "melhorasse" todos esses aspectos da produção não teria mais um Trash em mãos.
Antes de falar que se ele não tinha gostado que fizesse melhor, fui procurar alguma obra dele pra ver que tipo de filme saía de uma cabeça cheia de merda daquelas (Conheça seu Inimigo - Sun Tzu).
Achei que não encontraria nada e já estava quase desistindo quando acho, jogado as traças pra lá da metade do fórum, um filme do cidadão.
Não, não vou criticar o filme do cara se é o que estão pensando. E por um motivo bem simples: Não consegui assistir inteiro de tão chato. Começa com uma velha vestindo um figurino que vou batizar de A Praça é Nossa Gótica fazendo uma "narração filosófica" e um sujeito se arrastando por um lugar em frangalhos. Dos nove minutos dessa proeza consegui assistir uns dois no máximo. E olhe lá.
Na própria descrição dessa maravilha está escrito que o sentido da obra não está no enredo, e sim em detalhes bizarros que foram inseridos ao longo da trama.
Ah tá, sei, só os inteligentes podem ver!
Hahahahahahah... essa é mais velha que andar pra frente. Pús fim na discussão do fórum dizendo que as opiniões do garotinho eram irrelevantes e que ele poderia apelar a partir daquele momento que eu não me daria mais ao trabalho de lhe responder.
Foi o que ele fez. Disse que não apelaria comigo, mandou eu "me enxergar", disse que meus filmes eram uma merda e sugeriu que eu os jogasse no lixo (Será que sou só eu que acho que isso é apelar).
Como quando eu disse que o que ele falasse era irrelevante e eu não me daria ao trabalho de responder, cumpri a promessa e fiquei quieto, no meu canto. Por alguns instantes, do topo de sua insignificância o cara deve ter se achado o máximo, mas foi aí que outras pessoas começaram a se manifestar. A grande maioria falou que tinha gostado do que eu tinha postado, vieram me perguntar como eu tinha feito isso ou aquilo, e o melhor, começaram a avacalhar o garotinho e o filmeco dele. Acuado, ele apagou a parte onde mandava eu me enxergar e dizia que meus filmes eram uma merda e disse que a intenção dele não era ofender ninguém. Sem eu ter dito uma única palavra ofensiva ou detonado o trabalho dele,  descobri que o ser é totalmente odiado nos fóruns e portator de sérios problemas de auto afirmação, já que para se sentir melhor tem que avacalhar com o curta dos outros.


Foi aí que resolvi fazer meu novo filme.
Assistam mas não levem a sério. Não tem nada oculto aí, ele não vai mudar sua vida, é só um Pseudo Filme Filosófico de Arte ( caseiro, pretencioso e chato pra caralho! ):

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