terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Perseguição Insana



Enquanto FINADOS não sai ( lá se vão mais de seis meses desde que comecei o projeto... ), resolvi fazer mais um filminho, pra não perder a forma. Fiquei pensando sobre o que poderia ser, e o que quer que fosse tinha que ser curto e grosso, não queria ter mais uma obra incompleta (por enquanto, vale ressaltar!) no meu currículo cinematográfico. Foi quando me lembrei de uma piada que minha avó me contava, a muito, mas muito tempo atrás. Era sobre um maluco que fugia do hospício e punha-se a perseguir um cara. Quando finalmente o alcançava, simplesmente o tocava e dizia que "estava com ele". Para o louco, desde o começo, tdo não tinha passado de uma simples brincadeira de pega-pega. Escrevi um roteiro mais elaborado, pra encher linguiça mesmo, e para que eu e os atores (mais pra frente falo deles) não tivessemos de ir fazendo tudo 100% no improviso.

Pois bem, o roteiro original é esse aqui:

Perseguição Insana

por Anselmo Luiz Bonaldi Betiol


Um homem está sentado no sofá da sala, assistindo televisão.
Ele “zapeia” por vários canais que podem ou não ser mostrados, como por exemplo a novela VAI TU QUE DEPOIS VOU EU, um programa da TV ARCO-ÍRIS (o primeiro canal gay do país), um programa evangélico com um pastor alucinado, um filme tosco, horário político, etc.
O telefone toca e ele desliga a TV para atender. Segue o diálogo:
- Alô?
- O Andrézinho, aqui é o Luciano que tá falando, tudo bom?
- Tudo bem, e você.
- Tô bem também... E aí, vamos sair pra dar uma volta, fazer alguma coisa?
- Ah, hoje não vai dar não...
- Mais ô putaquepariu viu, nunca dá, né!
- Hoje não dá mesmo, já tenho que colocar o lixo pra fora daqui a pouco porque o lixeiro passa amanhã cedo e depois já vou dormir...
- Ah, vai tomar no seu cú então! Aposto que você estava com essa sua bunda suja grudada no sofá, na frente da televisão sem fazer nada de útil, seu merda!
- Não dá pra sair hoje mesmo, fica pra próxima.
- Ta bom então. Vai a merda! VAI A MERDA! M – E – R – D – A, merda! Tchau!
- Tchau...
Andrézinho não se altera em momento algum da conversa, mantendo sempre um tom patético e conformista. Ele põe o telefone no gancho, volta para o sofá e liga a televisão de novo. O programa é interrompido por um plantão jornalístico, onde um repórter todo engomadinho dá a notícia:
- Interrompemos a programação para comunica que um louco fugiu do sanatório municipal e foi visto perambulando pela cidade com uma faca nas mãos. Mais informações a qualquer momento ou em um de nossos telejornais.
Andrézinho faz cara de assustado e diz em voz alta, para si mesmo: “Melhor ir por o lixo pra fora enquanto não está muito tarde...”.
Ele apanha um saco preto e sai na rua. Ao deixa-lo na sarjeta, percebe que alguém vem se aproximando ao longe. Ele força a vista para tentar ver melhor, a pessoa continua se aproximando, ele força mais a vista ainda e então a câmera revela o louco, com uma faca na mão e vestindo uma camisa de força, já bem próxino a ele que grita e entra correndo em casa. . O louco o segue, entrando também, e o persegue lá dentro por algum tempo, até que Andrézinho pula a janela e sai na rua de novo.
O louco sai pelo portão e a perseguição prossegue por vários pontos da cidade, até que Andrézinho é finalmente encurralado. Em desespero, ele observa o louco aproximando-se lentamente com a faca na mão e um olhar triunfante.
Ao chegar bem perto, o louco apenas toca Andrézinho com uma das mãos, levemente, diz “Tá com você!” e sai correndo.
Andrézinho tem uma crise nervosa, ri e chora ao mesmo tempo, espumando pela boca. O louco está correndo, olhando para trás e rindo enquanto isso.


FIM

Na hora de filmar, obviamente, nem tudo sai como está no papel. Metade do meu elenco tinha um compromisso naquela noite ( a única disponível, já que a outra metade do elenco voltaria para Belo Horizonte na manhã seguinte), então tivemos que filmar de dia mesmo. Isso matou a tagline que inventei para a história e divulguei por dias no Orkut: Uma noite aterrorizante. Um louco a solta. Uma vítima inocente. Tudo bem...
Quanto ao elenco, somente dois atores: Meu irmão e um amigo que veio passar o fim de ano aqui em casa. Eu não poderia estar melhor acompanhado, fazemos filminhos a pelo menos uns quinze anos e temos um entrosamento fora do normal quando o assunto é a câmera. Um vai complementando a idéia do outro, tapando os buracos, até que dá certo. E topamos tudo, até sair filmando a luz do dia com um vestindo uma camisa-de-força de verdade ( agradecimentos ao Edson "Manelão" do Pronto Socorro e Santa Casa de Jacutinga) e outro um chapéuzinho escroto sobre um bigodinho de fita isolante.
As cenas da TV e o plantão (onde eu faria uma participação a frente das câmeras) tiveram de ser cortados por falta de tempo.
As locações deram um pouco de trabalho também. Demorou para as filmagens começarem, todos os lugares que a gente pensava estavam repletos de gente. A idéia básica era mostrar só os dois correndo, mais ninguém, e disso eu não abria mão. Sem telespectadores para a perseguição. Por fim achamos um lugar, filmamos um pouco, demos uma volta de carro, achamos mais um, e assim por diante... até que concluímos as filmagens.
Agora era só editar e por no YouTube. Feita a edição (rachamos o bico de rir a primeira vez que assistimos o negócio montado certinho), meu editor de vídeo deu tilt e não salvava o projeto como um arquivo de vídeo ( .avi ou .wmv, por exemplo). Não tinha como colocar o filme na Internet, o que era extremamente frustrante uma vez que foi exatamente para isso que ele foi feito! Baixei codecs e conversores de vídeo, virei do avesso as configurações do meu computador e nada. Pra resumir, fiz o que estava ao meu alcance e mais um tanto do que não estava e néca de pitibiriba. Até levar o filme inteiro e fazer toda a montagem de novo na casa da minha namorada eu tentei, sem sucesso. Minha última cartada foi mandar todos os arquivos do filme via e-m@il para meu amigo (que a essa altura já tinha chegado de volta em BH), que depois de quebrar a cabeça por lá finalmente conseguiu converter um projeto do Windows Movie Maker para um vídeo com uma extenção aceita pelo YouTube. Aí ele me mandou de volta, e o resultado final você confere agora:


Um comentário:

Claudinha ੴ disse...

hahahah, adorei! A gente brincava com uma coisas assim nos tempos de escola. Por exemplo, eu tinha mania de ficar olhando pro céu, pro nada e uns amigos ficavam, daí juntava um monte de gente e a gente saía de fininho pra rir dos curiosos. Que tal , dá filme? Hahaha. E os atores, fale mais deles! Fonte São Clemente, bom cenário! Gostei!
Beijo!

***Pô, preciso lhe dizer que spou fãzaça desta sua foto do perfil, to com vontade de fazer um layout preto só pra fazer uma assim!